sábado, 1 de dezembro de 2012

Estás sozinho, fraco e baixas a guarda. O mundo está contra ti e não há escape.
O inevitável acontece: embora que inconscientemente, há algo que te chama. E és tu mesmo a chamar-te, é a tua autodestruição. E entregas-te, e vicias-te, e apaixonas-te.
O cigarro não é já como o primeiro. Está entranhado em ti até o sempre.
Não és tu já o mesmo, o teu coração bate pela companhia de estar só ao acender outro. E sabe-te bem, e alicia-te. E tu deixas.
A nicotina vai-te desgastando. Tu não queres mas necessitas, e continuas...
E o amor destrói-te assim, aliciando-te por estares só, viciando-te por acabar, por nunca o teres eterno.
Não és cigarro mas esfumas-te pelos meu dedos.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Suicídio


No cimo do edifício, caminhava. A beira aproximar-se-ia prontamente e ele andava continuamente seguro pelas suas inseguranças. Ele caminhava por haver qualquer razão para caminhar. Caminhava, porque acontecia, porque era assim que era, que não havia hipótese sequer de não o ser.  Ele fazia-o, sem consciência do descontrolo, era o que ele queria afinal. Não se conhecia como dono de si. Conhecia-se como mero espectador, sombra, causa, do que não era. E queria ser por se ser assim. Então aproximou-se...

Chegou á beira, nunca parou, seguiu em frente.
 Os seus pés fixaram-se na parede do edifício perpendicular ao chão, distante. E assim seguiu.
O fim estava inalcançável, passo após passo, imagem após imagem. Ele era consequência dos pés assentes no edifício, da concretização que não chegava. Nunca cairia ainda que com o chão à sua frente.
Tudo o que via era a pessoa que não o queria, era a falta que lhe fazia, era a azia de não se ser completo por não ter o que seria. E ele não era. Como pode algo que não se é querer ser algo que não se conhece? Como pode algo que não se é querer ser algo? O objectivo movia-o. A falta de concretização também e continuava. Sofria por amor, amava porque sofria a falta que era, e procurava a pessoa para se completar. A pessoa poderia ou não ser a errada. Que interessa? Nunca saberia afinal, nunca o soube. Os passos não o cansavam. O chão nunca chegava. Ele não percebia. E o chão não falava. E o chão não sentia. Tocar-lhe-ia alguma vez?
O chão chamava-o, o cimo do edifício lembrava-o da possível hipótese do chão que não vinha. Mas ele andava, ele queria, ele matava por o alcançar. Estaria alguma vez a pessoa amada ao seu alcance? Estava disposto a nunca conhecer o chão por não se conhecer sem ele. E então sofria, desvanecia, e nem o cimo do edifício chegara a ser calcado devidamente. Nada se aproveitaria dali....


Estava cansado, não dava em nada, não ia tentar. Deixar de ver de ser, de sentir como lhe era imposto.
O cimo do edifício era bonito, mas não chegava. Teria de ver o para lá da beira, o chão que pouco provável calcaria. Não se mexeu. E se caísse, e se não existisse, e se ficasse preso? E se deixasse de ser? Tinha medo, quedou-se sentado, sozinho no que não era, no que nunca seria ou deixaria de ser se não se levantasse.
E sonhava com a pessoa sentada lá em baixo à sua espera. E esperou até que nada aconteceu. Não dava para desistir assim de si porque nada havia para desistir. Tinha de acontecer, de ser, para se ser realmente, para provar, conhecer a existência que lhe cabia. E a natureza fê-lo andar.

No cimo do edifício, caminhava. A beira aproximar-se-ia prontamente e ele andava continuamente seguro pelas suas inseguranças. Ele caminhava por haver qualquer razão para caminhar. Caminhava, porque acontecia, porque era assim que era, que não havia hipótese sequer de não o ser.  Ele fazia-o, sem consciência do descontrolo, era o que ele queria afinal. Não se conhecia como dono de si. Conhecia-se como mero espectador, sombra, causa, do que não era. E queria ser por se ser assim. Então aproximou-se...


sábado, 22 de setembro de 2012

Desistir, do que nunca fui, não cheguei a ser...
Saber-te distante era não me saber por te saber na totalidade. Quero-te.

Sabes, o que me custa mais e custar-te também a ti. Não há culpas para ninguém mas sou eu quem a tem. Não escolhi é certo mas calhaste-me a mim e não ao contrário. Não sei que faria se sucedesse o inverso. Posso apenas pedir-te desculpa. Custa-me, e arrisco-me a pensar, mais que a ti. Basta ignorares, eu tenho de esquecer. Mas como posso esquecer-me de uma emoção tão presente. Sim é presente ainda que não estejas. E começo  a fartar-me e a ter raiva de mim mesmo por não te poder atribuir as culpas. És tão mais inocente que eu. Eu sabia no que me estava a meter e ainda que fosse impossível impedi-lo nem tentei.
E há sempre o teu rosto, e há sempre a distância, e há sempre o controlo, e o cansaço, e a esperança, e o consolo, e a tristeza, e o prazer, e a felicidade tão perto a cada dia que te conheço. E não te sou,  e nunca nos terei.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Fome

Apodrecer da natureza, agora neste instante, e depois, e de seguida.
Apodrecemos do podre que é a comida. Quer gostemos, quer não comamos.
E a comida apodrece por a comer-mos, e apodrecemos ao ser comidos por querer comer da natureza que apodrece.
Mas há fome.

_ _ Tu

Gosto de ti no vazio de gostar. Quero-o presente pois não será um futuro.
Amanhã poderei apenas estar vazio de gostar e de gostar desse vazio...
Num despertar adormecido no sonho de acordar, da mente, na memória insistente de imagens de palavras ausentes quando nada digo, quando tudo expressas.
A resposta. 
Espelho, a imagem projectada, repetida e de maior verdade que a irrealidade efémera, quando ver-te não acontece. Tento ver-me, proporcionas-me ser e ver-me no que talvez será vazio, do vazio que aparentas.
Caprichos.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012


É a falta de compreensão em relação ao que me rodeia que me leva a não compreender os rodeios que em mim habitam. Não percebo e não me contento. Preciso de saber mais, de compreender melhor ou então esquecer, ignorar não sentir. As coisas pela metade não me chegam. Não me chego por inteiro. Há sempre a puta da falta presente. Que há para além de mim neste universo por mim criado? A minha percepção das coisas é tudo o que há, tudo o que sou. E não me chego. E não há que me chegue.
Decepção, cansaço, solidão. E não há como me fugir quando o mundo que há em mim sou eu no mundo e vice-versa. 
Nada me resta senão a existência incompleta do por vir.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Ao tentar racionalizar as coisas penso que preciso de querer. Quero querer. Não querer é o auge que não atinjo. Preciso porque não tenho. Porque nunca terei o que quero. Porque não sei o que quererei.
Agora, quero-te e é por isso que te quero. Quero-te porque independentemente de precisar ou não, de querer querer-te ou não, quero-te. E é por isso que te quero tanto se calhar. Porque posso dar-me ao luxo de querer, de te querer,  porque não te tenho. O que desconheço quererei um dia para além de ti, agora e depois. Se te tivesse como quero que haveria mais para querer? Que restava? O que gostava realmente era de me conhecer. Queria saber o que quero e que dependesse de mim. Não te entregues, não te vás. Dói-me mas doer é bom, sinto. Não sentir, não sentir é não ter acesso ao fundamental. 

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Não podemos culpar os meios se no fim somos integramente e de forma inata nós mesmos.
Não culpem os meios, culpem o fim. Culpem o medo, a vergonha, a decadência de sermos nós mesmos não o sendo ou evitando-o. Culpem o resultado e a consequência do ser. Tudo é o que deixamos ser. 
Culpem a natureza animal de sentir. Não há razão, explicação, lógica sequer. Há sim evolução, mudança. Seja ela positiva ou negativa. Artificial ou não. Provocada ou não. Somos nós, sempre nós e não há como nos fugir. Esqueçam a culpa e limitem-se a existir ou a culpa acabará por consumir-vos até que não existam meios para culpar e apenas fins.
Enfim, culpem a sociedade.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O corpo, o meu olhar presentemente só. O tempo e a visão de que disponho.
Não há senão miragem irreal. Não há senão sonho. Não há senão tu. Só tu, apenas eu.

Já agora

Agora, o passado não interessa. Não interessa, agora, o que nunca foi, o que nunca chegou a ser. No entanto, agora, agora que não é, interessas. Interessas, agora, como interessavas antes.
Agora, antes, talvez depois quem sabe, interessas. Tu, agora, só agora, ainda agora, para sempre agora. Espero-te.
Agora? Agora não estás...e agora?

domingo, 22 de julho de 2012


Não estou, não sou, não posso, não há.
Há o não constante. Há o quase que nunca chega...

sexta-feira, 20 de julho de 2012

É uma raiva tão grande que, como não te posso partir a cara (e devido ao fenómeno gravidade), a lágrima cai. O rosto acaba por secar cada vez mais desgastado.
E há o respeito, esse "respeito" condicionado pelo grau de parentesco, pelo laço de sangue, pela educação, e não pelo sentir. Não é genuíno.
Respeito-te porque és minha mãe e não porque te respeite realmente.
Somos apenas consequência das consequências que sofremos, desculpa.

quinta-feira, 19 de julho de 2012


Não sabemos, não nos conhecemos, não temos controlo, não conseguimos. Pensamos pensar quando não há escape possível. Não há respostas certas. Há perguntas, desgostos, sonhos e esperança. Há a nossa existência em nós mesmos e nada mais. Há o para lá da meta, da linha do horizonte impossível de alcançar. Há a condição humana que nos prende. Há o sentir e o pensar. Havemos nós que não nos chegamos. Há os outros que procuramos que não se chegam e há o fim. O fim que nos liberta disto tudo sem nos dar o que merecemos. Ingratidão estúpida, irónica, humana.

sábado, 30 de junho de 2012

Estás. Não estás apenas como também esperas. Esperas saber por que esperas. E nesse fragmento do esperar desesperas. Desesperas sempre até que não esperes mais esperar.
No esperar, a loucura.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Tentativa

E na frieza de um adeus, desejar vida pela frente.
Contradição pura quando um adeus antecede muitos outros.
Um adeus nunca é frio. O esquecimento não é hipótese.
Qual a razão de se contentar com o por vir?

sábado, 23 de junho de 2012

E não estás. E quando estás pareço não estar eu. Não estamos, desencontros.
É o alheamento em que estás. Eu não. Sei que não há escape possível. Não quero, não queria estar quando não estás, não estar quando estás. Queria ser quem sou, que me deixasses ser quem sou, que soubesses o que sou e não interferisses. Gostava de me contentar com pouco. E tento mas não consigo.
Tens pouco para me dar, dás-me pouco. Quero mais, não me contento.
Não há nada em ti para me dares, prendes-me ,no entanto, com o teu olhar.
Um simples, banal, comum, olhar. O teu olhar.
O meu olhar de encontro ao teu. O vazio entre nós.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Delírio lírico


A efémera consequência
do puro desejar latente,
pelo o objecto ausente
na presente condescendência. 


O acordar da quimera,
o adormeceres (despertaste-me),
o inevitável (apaixonaste-me),
A curiosidade mera.




segunda-feira, 11 de junho de 2012

Cansado de ver num mundo que é de cegos.

Eu

O ser humano não vive só, e eu não suporto esta sociedade.
O pior é que ainda vou gostando de mim, sozinho. Mas canso-me. A solidão mói.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Há algo no caminho, uma barreira. Contenta-te com os pássaros. Podes comê-los não têm sentimentos. Tu tens e não és o único. Não tens qualquer tipo de posse em relação aos outros.  Sente-se de forma diferente. Fico-me pelas coisas sem sentimentos.
O que é bom em ti é essa variação de humor. Da tristeza à alegria num ápice.
É esse humor que não compreendo que gostava de perceber.
É esse sorriso, esse sorriso que por mais que se rasgue não acaba.
És genuinidade, é essa a tua melhor qualidade (não o que disseste na sala) Surpreendes-me.
Admiro-te.
Se não fosses tão **************....

terça-feira, 5 de junho de 2012

O pior no que sinto é senti-lo piorar.

Acordar é bom difícil é dormir

Consciente ou inconscientemente: a imagem do que serias. E nem sequer és!
Perco-me portanto no surrealismo de seres e de pareceres. O pior é que a imagem que vejo é irreal num mundo que de realidades tem muito pouco.
Não passas de ideia projectada na ideia que não consigo projectar. 
Existes sem chegares a ser. Existes sem alma quando o que não é não passa de sonho.

domingo, 3 de junho de 2012

Fome?

São passos que se ouvem. Uma trinca na maçã para enganar a fome e quem é enganado és tu. Não ficas saciado. Apetece-te mais, a maçã já não é a mesma. Menos, cada vez menos agora que a trincaste, que a provaste.
O fruto vai-se desvanecendo sem que o saboreies na íntegra. Podes não o comer de uma só vez se o quiseres prolongar, mas no fim acabará por apodrecer ou ser totalmente digerido. 
A cada trinca que dás és mais aliciado. A cada trinca o fruto é mais podre e mais efémero.
Come-lo todo e apodreces por dentro...
Procuras outro. A tentação supera a indigestão do fruto (proibido?).
A indigestão passa sem que morras. Não, não há veneno. Haverá amor?

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Passeios e devaneios

Passas-me diante dos olhos, diante de mim. E fico, eu fico cada vez mais distante...
Distante de ti, de mim....
Passas feliz, ris-te pelo menos e isso cativa-me, estranha-me. Preciso de te conhecer melhor, de te ter na integra. O pior é que não quero contaminar o meu bote de salvamento. Quero que sejas como és e não como gostaria que fosses. Queria ser como sou e não como me fazem ser, como me fazes ficar.
Quero-te assim dessa forma. Quero-me a mim contigo de outra forma que não esta.
Queria não precisar de querer. Queria apenas ser. Ser-me contigo, na totalidade. Não posso, não me deixo por não me deixares, por não saberes que queres. Queria também eu não saber que quero. Queria também eu não querer por não precisar, como não precisas por te bastares. Chegas-te, chegavas-me.

sábado, 26 de maio de 2012

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Puro sofrimento

Tudo cacos e eu que nada posso fazer para os consolidar...
Destrói-me de vez, rapidamente!
Mas não podes, nada podes destruir quando está tudo tão apertado, pequeno, insignificante, que nem vês.
Fazes-me assim...
E ainda há a esperança (ou ao sermos mais realistas: o sonho) que mantém vivo o pequeno mártir propulsor. Enquanto existires irás exterminar o que já partiste em pedaços.
Adoro-te. Odeio-me. E dói, dói tanto...
Nunca pensei, e logo por ti, logo tu. Tinhas mesmo de ser tu!
Tu, seria tão mais fácil não te conhecer. Mas era tão mais difícil encontrar-te!
Cansado... Cansado da diferença e da vossa igualdade na indiferença ao diferenciarem no intelecto.
Quem são vocês para poderem sequer julgar? Quem sou eu para ser julgado?
Deixem-me ser como sou e deixar-vos-ei serem o que quiserem. Não tenho de querer nem deixar de querer. Mas quero, quero muito ser diferente de vocês, quando a igualdade é comum e passageira. Quero ser quem sou e que me aceitem assim. Aceito-vos portanto desde que me aceitem. Não precisam de me compreender. Não tentem. Nem eu me compreendo. Compreendam apenas, que estão  ser injustos, infantis...
Conheçam-se e permitam-se conhecer os outros. Quem sabe até aprendam alguma coisa.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

És quem és sem mim. Gosto de ti por isso, esqueço-me de mim por isso. Isso é quem tu és. Isso é o que me chama a atenção para ti e me faz não querer gostar de mim por achar gostar mais de ti. Isso é o que me faz mal. Isso é o que nem tens consciência e ignoras. Isso é o que me mata e me destrói, isso é o que me acontece e ao qual não consigo escapar. Isso és tu e o ver-te como te vejo. O pior é que não tens culpa, nem eu.

Era ver-te

É querer-te, é esperar ver-te à beira da escola e não estares. É não te conhecer. É a verdade que cai em mim quando o meu olhar não encontra o teu. É mágoa, desilusão, sofrimento que me desgasta. Cansado de não me cansar de ti. De te esperar inconsequentemente, amargamente, eternamente.

sábado, 19 de maio de 2012

Loucura é existência da própria. Loucura é ver loucura num mundo que é de loucos por ser relativo e não certo se real. Loucura é querer ser louco e não ver loucura alguma, quando somos já nos lucidamente loucos a pensar vê-la, ao vê-la relativamente real.
Tudo é loucura para mim. Tudo é loucamente real e presente. Tudo é o que sou e tudo é diferente, tudo é louco na loucura que me cabe.
Não sei se sou louco, se é apenas a loucura que me mete louco ao duvidar da minha sanidade.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Ensina-me

Ensina-me. Ensina-me a desistir da esperança e a agarrar a realidade! Ensina-me, obriga-me a deixar de te pensar, a te aceitar como és. Ensina-me a não sentir a tua falta. Ensina-me a gostar mais de mim já que te ensinei a gostar, a desejar, como nunca pensei possível.
Peço-te: não me fales, não me faças calar ou falar pela metade.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Queria tanto o não querer

Não sei mais que escrever, que dizer, que pensar. Penso sempre nas mesmas coisas. Há sempre a esperança que me ilude diariamente. Há sempre a esperança presente numa vida ausente que não me chega.
Não consigo nada, não há nada que conseguir. Há a esperança e o descontentamento de não chegar a sentir e a conhecer o que não tenho, o que não sou. O pior é o querer, o continuar nesta procura que não me leva a lado algum, que não me encontra o que está perdido por mim, o que não me existe.
Como posso querer o que não existe, o que penso não existir?
O que quero? Quero algo diferente disto. O que não quero? Não quero procurar a diferença eternamente. Quero contentar-me com o que há. Quero esquecer a procura. Quero viver o presente. Quero viver feliz e gostar da vida que me é minha. Quero gostar mais de mim do que o que penso gostar. Quero chegar-me. Quero que me vejam, que me compreendam, que me cheguem. Quero habituar-me ao hábito de não ter de me habituar por estar já habituado. 

terça-feira, 15 de maio de 2012

Desespero

Desespero, desespero é discernirmos o certo do errado, vermos o mundo aos nossos olhos quando só vemos pessoas cegas. Desespero é ver num mundo que não procura ser visto e sim vivido cegamente. É para mim isto o desespero. Não há espaço para todos. Não há, de facto, espaço para ninguém. Todos o procuram, todos se atropelam, ninguém o encontra.
           









segunda-feira, 14 de maio de 2012

É 12 para mim o número do azar.
Seria 23 o da sorte.
Sou portanto apenas 11.

Só tu

Sei o que me está reservado a cada olhar que te lanço, continuo no entanto a olhar-te.
Sabes porquê? Porque não me vejo. Porque me queria ver.
Vou então desaparecendo ao tentar encontrar-me, ao tentar que me vejas.

domingo, 13 de maio de 2012

Continuidade é o que se vê.
Continuidade do que não começa, do que não vem. Inércia ao podermos mexer-nos e não termos espaço para o fazer. Prisão de movimentos, sentimentos, ideias como música inacabada.
Break de emoções inatas, de continuidade descontinua, de batida presente na mente que não se cala.
Mexo-me ao som do que sou, do que me fazem ser com a música que tocam.
Espero então impaciente pela próxima batida, pelo que está por vir na esperança de estagnar como quem dança nesta vida de ritmos descontrolados.
Eu quero tudo, somos o que queremos e não o que temos. Na vida fazemos o que podemos, fazemos dela o que nos é permitido.
Não sou bandido, não quero bens materiais, quero apenas ver o que consigo, ter consciência que na rua o caminho foi o que eu procurei e não o que calhou.
E é por isso que a calçada não é calcada. É por isso que a calçada não se vai.
Ainda não andei, ainda não cheguei. Não sei onde ando, apenas não sei o que é andar, o que é sair e chegar. Sei o caminho, não sei os passos, nunca os dei, nunca me levantei sequer para cair.
Não caio pois não tenho onde ir.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Respirar

 Nada dura para sempre, nada é eterno. Na eternidade apenas nós mesmos connosco até deixarmos de nos ser.

É talvez por isso, por nos acharmos imortais enquanto somos, que nos deixamos levar pela morte que está contida em cada inspiração, em cada olhar, em cada prolongar da existência.

Tudo para o que não conhecemos. O sentido não está connosco, está para além do que achamos perceber e o segredo é mesmo esse: não querer perceber. Não querendo sentido, não o procurando, não nos lembrando de algo que não conhecemos somos completos, ou apenas inconscientes do incompleto que nos completa.

Devíamos ser genuínos, reagirmos apenas com o que nos é inato, com o que somos sem deixar de o ser, sem nos alterarmos. Devíamos apenas permanecer imutáveis já que na imortalidade eterna que nos cabe. Devíamos ser o que seríamos se não o fôssemos, se existíssemos sem termos consciência sequer de uma possível existência começada e quem sabe por acabar.


Nada dura para sempre. Nunca mais é para sempre.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Não vás. És biodiversidade nesta tela de emoções.
Vem como és, sim: como não podes deixar, embora pudesses realmente libertar o que penso, de ser. 
Vem como eu quero que sejas, que o sejas realmente....
Vem de mansinho, sê apenas o que és sem deixares de o ser, amizade.

És um perigo como desafio por querer como tal somente.
Não te atrases, vem depressa!
Tu és a tua escolha quando nada mais me compete.
Descansa amizade, como facto consumado no real.

Vem, vem com as impurezas todas, sem brilho como quero que sejas.

Não o quero fazer, não o posso fazer. 
Ter olhos na cara e observar como quem vê é tudo na vida, e eu completamente cego por ti.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

É o fundo

Sou eu que aqui estou bem no fundo, um pássaro estagnado a preto e branco.
Tenho liberdade para voar mas na vida quanto mais se sobe, se busca, se move pela coloração, maior é a queda, a inércia, o descontentamento a preto e branco.
Sim, sou um pássaro em tons de cinza que não voa. Sou um pássaro com medo de me consciencializar da falta de coloração, com medo que as minhas asas não cheguem para a alcançar.

Desculpo-me

Escrever bonito não é fácil por isso escrevo apenas.
Cabe-vos a vocês lerem como quiserem, lerem o que quiserem, sentirem o que quiserem.
Podem não sentir nada e apenas ler. Se assim for vocês é que sabem, não eu.
Odeio-te de tanto pensar gostar de ti.
Também te odeio mãe...

Percebam-me

Tudo incompreensão, quando tudo é relativo, quando a própria relatividade é relativa.
Incertezas quando o que há de certo está por vir e o incerto está presente.
Sinto-me assim sem lugar no incompleto do meu mundo sem mim.
Sinto-me assim embora sem certezas, embora a relatividade se faça presenciar no meu mundo que não é meu. 
Talvez não seja o meu mundo, ou apenas não seja eu.

Odeio odiar

É-nos imposto: viver assim, sentir assim, existir assim, sobreviver assim, gostar assim, pensar assim, desconhecer assim, ser assim, odiar assim....
Sim, e eu odeio imposições.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Tento mudar ou esquecer o que sou mas é tempo perdido. Sou o que sou. És-me o que és. Não te consigo apagar, não me consigo mudar. Que faço?

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Quimicidades

"Se não der que enfie o dedo no cu e lamba, e se não quiser então que enfie dois e lamba, e com sorte enfia três ou quatro e lamba, e se não quiser que enfie as duas mãos a alabajão para um melhor desejo de agrado. Se não der espalhe manteiga que isso deve passar. FDP*"

*Fiasco De Prosa, ou Filha Da Puta mesmo

by jardas

Não somos o que tentamos, somos o tentar

Não fugimos do que sentimos, do que pensamos, do que não somos.
O não sermos mata-nos aos poucos. O não sermos faz-nos ser mortos, faz-nos ser o sermos o que não somos, o que nos faz ser o que somos por não o ser.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Poizé

Aqui estou, na cama, e é um mundo lá fora.
Os minutos passam sem que os sinta passar. A falta sente-se sempre e para sempre. És pior que uma puta: nunca te poderei ter, nem por mais um segundo. Eu sei e ainda assim quero. Quero-te. Quero ter-te, saborear cada gesto, cada olhar, cada silêncio, contigo.
Não te sou. Se não posso, se não podes, se não queres, desaparece.
Peço-te, imploro-te: Não alimentes a minha fome, o meu olhar, o meu pensamento. Vai e leva o meu pensamento contigo.
E o que dói mais é que quando não estás é quando sinto mais a tua falta. Não te poder observar cansa-me. Não te poder tocar mata-me.
Hoje fiquei preocupado contigo...
Ando tão lamechas.

domingo, 22 de abril de 2012

Perguntas

Onde andas? Porque não estás aqui? Que é feito de ti?
Vejo-te mas não apareces. Constantemente presente ainda que distante.
Que queres que faça se não queres fazer nada de mim?
Sou eu, assim, a imaginar-te onde parece não quereres existir. Mostra-te.

São dias, noites

Eu... Hoje Domingo, 22:10 no skate park, a pensar em ti.
Dias cinzentos não me importam. A tua coloração assusta-me.
A vida não faz sentido, vou estudar silvicultura.
Eras perfeita para mim por não o seres realmente. Gosto do que te falta, do que te posso dar sem que me peças, sem que saibas que te dou o que te tento dar.
Embora não te esforces dás-me também tu o que procuro. Um ombro amigo, um olhar, um silêncio que ambos percebemos sem nos pronunciarmos. Dás-me tu, fazes-me eu e isso chega. Nem preciso de mais quando tu me bastas. És mesmo o que procuro em ti. És mesmo o que não preciso procurar. És presença na ausência que somos, na falta que nos cabe.
Gosto de ti por isso. Porque ficamos tão bem juntos por sermos tão iguais nas nossas diferenças. 
Quase que me completas. Ainda bem que não o fazes na totalidade. Não preciso de mais, não procuro mais. Encontrei-te e procuro apenas conhecer-te a cada dia. Fazes-me bem pela tua presença, por seres aquilo que procuro em ti. Não me desiludes pois não espero o que não posso esperar de ti. Acho que te conheço.
Gosto de ti Ritinha.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Life´s a game

É tudo uma questão de sorte e azar. Uma pessoa nasce, cresce, conhece-se e depois não gosta.
No meu caso apenas azar. Até gosto de mim excepto a parte que a maioria das pessoas também não gostam. São defeitos. Defeitos de fabrico contra os quais nada posso.
Desculpem lá. Também não gosto mas há que aprender a VIVER com as cartas que se tem ainda que se acabe por perder e nem se livre.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Presente imperfeito

As folhas voaram
A árvore ficou despida

O rapaz não estava
A rua parada

A mente vivia
A árvore morrera

(Ainda se cala  ausência)


black n white

Não é o cinza que me assusta. É o colorido que há em ti e que já houve noutro tempo.
É a saturação irremediável de sentir. 
As cores difundem, pisco os olhos,  e és agora a preto e branco. Ou serei eu?
Farto de dicotomias.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

É o caminho

Um candeeiro de rua ligado sobre a calçada hipnotizante. Tal teia escura em manto branco. Árvores oblíquas à estrada e à tal calçada procuram não tombar. O candeeiro tenta escapar desenlaçando-se.
...
As árvores não tombaram, o candeeiro desligou-se. Ficou tudo como estava e a teia nem se moveu.

Passa o carro , passo o olhar. Não passa nada, pouso-o na imagem que conheço. Conheço a imagem da minha rua mas não conheço apenas o caminho. E o problema é que as árvores não tombaram, o candeeiro desligou-se e a teia pode ter-se movido mas eu nem vi.

Espera

E a chuva vai caindo miudinha lá fora. Não te ouço e queria tanto agora que a chuva não me lava a mente, não me leva com a corrente. Estou parado, estagnado, inerte e não sei que fazer. Estou a modos que assustado para a realidade em que desperto. E o que me assusta és tu. É o colorido que há em ti em dias cinzentos de chuva miudinha para lá de janela.
Tudo está parado. A estrada molhada, as árvores tombadas, a universidade lá fora, e a minha janela. A minha janela fustigada pelas pingas que atormentam. Cai chuva lá fora e eu não me levanto cá dentro.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Im just b. Dont u c i like u Z?
Apetecia-me tanto chorar. É a mais pura das verdades. Já lá vai o tempo em que chorava. Já não consigo agora.... Não há porque chorar. Resta-me apenas chorar a inexistência de um choro bem sentido. Não há vivências porque chorar. Há falta, há ausência (até de lágrimas). Choro seco.

Tu

Inspiro. Expiro. Inspiro. Expiro.
Tu. Tu. Tu. Tu.
Nunca eu.

Rascunho

Quero tanto apagar-te mas o papel rasga no tentar. À força de te querer tanto esquecer os pedaços do papel rasgado voam com o sopro próximo para longe de mim. Onde vão agora os fragmentos da lembrança? Estão esquecidos por aí...
Só o tempo os degradará e poderá fazer dos papelinhos uma árvore de folhas A4.

olha-me embora ja não te veja

Teria sido a tempo de um olhar, num leve pestanejar, a tempo de fracassares , de te esmiuçares, que te apaguei para sempre por não o fazeres.
Tudo é efémero e o para sempre já passou, ou o estar a pensar-te, a ver-te, a escrever-te era uma ilusão.
És a minha ilusão mais pura embora as impurezas do meu ser se intrometam. Preciso de ti como quem precisa de um refresco. De uma só vez, o meu corpo seca só de esperar.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Plenitude

Os meus olhos estão abertos. Também está a possibilidade futura sob sonho que não se apaga quando a visão falha. O real não é melhor que o sonho ainda que seja preciso o real para sonhar. O teu corpo completa a minha visão num quadro de sonhos que pinto imaginando-me no sonho de não sonhar. Não sonhar mais por não precisar. Era o teu toque, a tua proximidade, o teu silêncio, a tua essência.
Era sobretudo o teu olhar fixo, inerte, silencioso, em mim. Era esse momento, desde agora, até sempre ainda que tão curto e tão efémero para chegar sequer a ser vivido. Era o estar-mos parados um em frente ao outro de lábios mudos, de mentes vazias, de olhos estagnados no vazio de sentir. Era o teu queixo, o teu pescoço, os teus lábios cerrados, o teu olhar tão tu, e eu. Era só isso e o vazio restante. Chegavas-me.







Que contas tu?

Olho para ti e tento ler-te ainda que não te conheça propriamente. Chamas-me a atenção, por alguma razão que desconheço. E que posso fazer eu? Tento ler-te, é mais forte que eu. Quero saber, perceber, conhecer realmente a razão. Por algum motivo tendes a fechar-te, é certo, que sempre com uma página de fora. Pareço perceber o que está escrito ainda que pareça não saber ler. Tu sabes? Precisarás de aprender? Não te feches, deixa-me ler-te na íntegra. Poderás depois fechar-te, pelo menos para mim, num final que não em aberto. Deixa-me apenas com a vida que em ti está escrita. Deixa-me ler toda a tua vida. Deixa-me viver a minha.

(Des)ilusão.

O coração bate mais que a mente,
mas é na mente que bate a desilusão.
É assim que gente sente,
sim,  é  na mente

eternamente presente

que mente a ilusão.

Miragem

Foste-me embora assim como me apareceste: abruptamente.
Apenas sombra da miragem.

The light will shine for you

De noite os passos ecoam. Acende-se um isqueiro: é apenas luz ao fundo do túnel  a chamar-nos.

domingo, 15 de abril de 2012

A vida é um jogo

Gosto de ti como quem gosta do jogo. Como quem gosta de apostar e ver o que acontece. Ainda não ganhei, talvez nunca ganhe. Mas só a hipótese de acontecer vale cada cêntimo gasto. Vício?

Viver

E isto é viver:
o corpo que resiste,
a vontade que insiste,
a alma que persiste em tentar não se perder

E isto é viver:
na esperança que já desiste
quando tudo o que é existe
no incompleto do meu ser

Coração de esquilo

É pouco tempo quando imenso o que nos resta para conhecer alguém. E ainda há o desconhecimento que cada um tem de si próprio...
(livre arbítrio inconsciente da ausência que (não) presenciamos). Será que houve mesmo um esquilo ou pelo menos havia eu? Havias tu que não te conheço. Existe agora a miragem do que posso não ver porque és céu em nevoeiro e os teus raios de sol não me aquecem.

Ainda bem que existes, assim posso (d)escrever(-te), posso ter-te, posso ser-me, posso fazer-te o que de ti faço, em mim. Nunca ou para sempre, eu. Sempre tu.

Fazes-me esquilo de bolotas eternas quando efémero é o que já bateu no coração. Não mo deixes bater. Que batam as bolotas que são eternas e matam fome , que tu não matas, ao esquilo que sou. Que bolotas queres tu se o teu coração não parece bater? Que bolotas queres se eu já tenho a minha? Procura roer um coração que bata por uma que não esteja já ruída. A que tenho é eterna embora me escape também entre os dedos.

E ainda não te conheço. Nem a mim por não nos conhecer-mos. Deixas-me conhecer-te? Dava-te a minha necessidade de bolota pela tua que não conheço e éramos dois esquilos idiotas e felizes.




quarta-feira, 11 de abril de 2012

Queria não querer

Porra. Outra vez não....
O que é que tens de tão especial?
O que é que me falta para tanto te querer? Quero não te querer, quero(-te) tanto.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Tapados de todo

Porque não me vêem vocês? Serão cegos?
Estou eu aqui disposto a aceitar-vos a desejar-vos a cuidar de vocês até. E vocês nada! Serão assim tão tapados? Não sou do melhor é certo mas.... Já olharam para vocês? Que procuram vocês? Que querem idiotas? Eterno insatisfeito eu? Pois mas eu sei que quero apenas não o consigo ter já vocês.... Que querem afinal? Expliquem-me e eu tento dar-vos.
Queria, queria mesmo cansar-me realmente e cessar. Acabar com tudo. Não estou cansado o suficiente. Não há fundo, não há chão, não há fim. Há sim um ciclo vicioso.
Queria cansar-me de vez.
Poderia depois recomeçar do zero e ser de outra maneira.

Só tu.

Queria ouvir-te dizer-me tudo não dizendo nada.
As palavras são palavras. Não fales nem te cales. Faz acontecer. Faz-me sentir. Faz-me ser (completo).

Isto que não compreendo

Cansado desta escuridão que não me deixa ver através de si.
É cegueira de tudo excepto de escuridão, tudo é negro, tudo é nublado.
O que estará para lá do que vejo? Para lá do que não me deixa ver? Para lá da falta, da inquietude, da incompreensão, da incompleta inexistência do meu ser?

domingo, 25 de março de 2012

quinta-feira, 22 de março de 2012

quinta-feira, 15 de março de 2012

Sei

Sei que não posso, ainda assim continuo. Sei que é passageiro, continuo no entanto a sonhar-te, a sonhar-nos.
Quero-te, sabendo-te ainda inatingível, intocável. Estou tão perto e tu tão longe.
Como parar de te sonhar e a mim tão só nós? Como apagar o resto do mundo para coexistirmos? Como despertar em ti o que despertaste em mim e já desperta em ti por outrem? 
Como então esquecer-te?

Sei que é passageiro mas neste momento sonho-nos e magoa, magoa sonhar-nos e saber-nos tão distantes.
Não quero mais! É um não querer que chateia. Magoas-me e nem sonhas. Não quero magoar-te. Sonho-nos então tão irreais, o que me magoa profundamente.

Risos

Risos. Tudo risos à minha volta. Risos e eu que não os escuto. Gargalhadas mudas. Sorrisos em surdina. Tempestades que aí vêm.

quarta-feira, 7 de março de 2012


Mas continuo, e como eu mais uns quantos. E porquê? Porquê se não alcanço? Se não há que alcançar? Porque não paro se não ando?

Que fazer quando acredito na falta e na imperfeição? E na dor, na dor da insatisfação. Que fazer?
Que fazer se eu espero e não chegas? Mexe-te por favor! Faz alguma coisa. Procura-me. Encontra-me. Agarra-me e não me largues. Pede. Pede para não partir, não partas tu. Fica, fica comigo após chegares. Fiquemos juntos ainda que não acreditemos nisso. Apenas vivamos a ilusão da vida.

Talvez

Queria conhecer-te ainda que não te conheça. Como posso querer saber se não sei que quero? Se não sei que quero conhecer? Mas quero! Quero conhecer-te ainda que não te conheça.  Ainda que não me conheça. Ainda que nada conheça. Ainda que conheça apenas a falta de conhecimento. Mas quero, quero muito. E tu não vens, não chegas. Por onde andas? Onde estou? Onde devo procurar-te? Porque não me encontras? Onde estás? Onde estamos tão perdidos ainda que me encontre tão só?

Talvez te tenha encontrado e talvez não sejas tu. Quem sabe...Talvez não seja eu!

Talvez seja apenas a possibilidade de um tão amargo talvez.

Incansável

Paragem

Quando nada mais há a fazer
é o não ganhar e não perder
é o cansar da miragem

Cansaço

É este cansaço que me cansa
é o estagnar como quem dança
quando não sei mais que faço

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Pescado

Cansado de canas de pesca
Quando os peixes não aparecem
No isco está a bendita ideia
Ou falta desta bendita
Quando tudo vai faltando


O tempo escasseia
És sobra de quem pensa
Ou pensa que pensa


Vais-te extinguindo

Pensas, tu pensas.
Pensas tu que pensas! 
Não pescas nada.
Não há que pescar


(Para quê a cana?)


Penso ter pescado
Ainda que não pesque nada
Com esta cana de pesca tão fraca

Solidão

22:39


Silêncio.


22:40


Tic-tac...

Tac

Tac


22:41


Escuridão

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Inquietude Agreste

A família passava agora um momento difícil, um período avassalador avizinhava-se.
A casa estava quieta, as pessoas neste espaço viviam outro. Viviam a rua, local agreste. Família não existia, existiam pessoas em espaço comum, a casa quieta.
No quarto, um corpo em repouso sobre a cama. Era vulgar, pelos menos aos primeiros instantes de observação. Seria-o?
O rapaz olhava o vazio, o vazio da família, o vazio da casa que nem família tinha. Olhava o vazio do irmão, o vazio que era a rua ainda que em casa, na casa cheia de adversidade. Focava a falta ainda que no seio de uma família, no que deveria ser uma vida. No seio do quotidiano a  que sobreviviam diariamente. Dia após dia.
Era então vulgar, esse rapaz da cama. Era tudo, poderia ser tudo. Não o era.
Ele, era consequência da família que não o era, consequência dos destroços da casa quieta que se iam espalhando e evoluindo assim que pelo agreste iam passando.
Ia então o rapaz sendo nada, podendo ter sido algo. Chegando por vezes ,ainda que dúbias, a ser.
Era então produto da humanidade, da sociedade a que chamavam família. Era ele confusão, da confusão de que provinha, à qual conhecem por família, amigos, sociedade.
Era ele um zombie culpa da ingenuidade de criança que o consumia agora apoderando-se dele por completo. Ia então apodrecendo à medida que se conhecia.
Organização, certezas, estabilidade, consciência, entre outras coisas, era o que lhe faltava. Como consegui-las?
E acreditava. O rapaz acreditava na mudança, ou sonhava, pelo menos, possuí-la. Ser dono da verdade e do mundo. E talvez pecasse aí.
Era ele que não o era, era a família que não o era, era a casa quieta que não o era.
Casa apenas, inquietude agreste...

Sonho

O silêncio da noite que me trespassa ao som do meu pensamento...
Estou na cama, quieto, extasiado.
O dia foi monótono. Sinto-me cansado, pouco vivo.
O que quero? O que querem de mim?
Não adormeço embora que pouco acordado para a realidade.

Porquê?

Porque é que isto não acaba? Porque é que sou assim? Porque é que não sou apenas indiferente? Porque é que estou na minha cama a pensar em mim? Porque é que sou inconstante? Porque é que me adoro e quero existir? Porque é que me odeio e quero existir? Porque é que existo? Porque é que sou estúpido? Porque é que me preocupo? Porque é que me estou a lixar? Porque é que gosto de correr se não gosto de ficar cansado? Porque é que estou sempre cansado? Porque é que sou monótono? Porque é que há esperança se não há motivação? Porquê o fracasso? Porquê o triste que sou? Porquê a pessoa mais própria e perfeita ainda que imperfeita que conheço? Porquê a vida? Porquê a morte se vida? Porquê a perfeição se não existe? Porquê o pensamento se não chego a conclusão alguma? Porquê os porquês? Porquê o mal ou o dinheiro, ou a felicidade ou o bem, ou mal ou o amor, ou a pobreza, ou o que existe e o que não existe se não é infinito? Porquê a lembrança se não é mais que uma recordação passada que já nem está assim tão presente? Porquê as palavras, os gestos, os olhares, os sentimentos, se não servem de nada? Porquê os opostos em mim? Porquê a eternidade? Porquê a prisão se não existe a liberdade? Porquê a ausência de sentido? Porquê a falta de respostas? Porque a ânsia de respostas quando sei que não as há? Porquê estar tudo mal se depois está tudo bem? Para que penso se não serve de nada? Para que escrevo? Porquê o respirar, o comer, o beber água? Porque é que gosto e não gosto da existência? Existo!
Porque é que isto não acaba?Porque é que sou assim? Porque é que não sou apenas indiferente? Porque é que estou na minha cama a pensar em mim?
Porquê? Porque sim!

sábado, 21 de janeiro de 2012

Copianço

É aperceber-se dos avanços 
Na severa presença da lembrança
Do passado que não existe

É o utilizar dos copianços
No vagar lento da esperança
Do desligar que persiste

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Pequenez

A grandiosidade das coisas está na sua genuinidade. É ténue o dizer-se que tudo é genuíno quando grande parte das coisas é influenciada pela própria existência e pelo tempo que perdura.
Dizias-me coisas, na altura, coisas efémeras como tudo o é. Falavas-me de realidades, de sonhos, de ideais. Peço-te, fala-me agora. Mas não podes, não podes porque tudo é efémero. Não podes porque nada é genuíno.
Mas como poderá algo ser efémero se nunca genuíno o foi? Se nunca o foste! Poderá algo sem começo findar?
E é assim desta forma que te falo, que te lembro, que me sinto.
Sabes, há algo que nunca te disse. Nunca precisei. Agora não é diferente mas direi na mesma. Tu nunca foste o que sonhei. Talvez por isso não me cansasses. Não me cansavas porque nunca te conheci. Cansavas-te de mim porque ainda não me conheces. A diferença está aí.
Continuo, no entanto, a lembrar-te. Não porque te venere, não porque te ame... Foste o que me és, inspiração grandiosidade, és-me parte de mim. Posso chamar-te fragmento do passado, bocado de ser preso na memória. Como avançar com o passado tão presente? Como, não me dando qualquer importância te colaste tanto a mim? Porque o fizeste? Porque te deixei?
Sou portanto o que o passado de mim fez. Tu não és e não serás pois não vives o presente. O passado já se foi e futuro nunca será futuro. O futuro será presente. E o presente,um dia, passado. Portanto não procures o que nunca terás. Procura o que sabes que já tiveste. Procura-me.